11 -Namoro e relacionamento por aplicativo!



11 -Namoro e relacionamento por aplicativo!



Amigos e leitores, diante de um problema que nossos clientes nos questionam, quase que diariamente, resolvemos divulgar um caso real e recente, evidente que trocamos, como sempre, nomes e locais; contudo, o que nos interessa é divulgar a forma como golpistas e malfeitores agem e se aproveitam das pessoas, vamos a história:
Estávamos no mês de junho de 2017, em São Paulo o inverno chega de verdade, e exatamente em uma terça feira muito fria, trabalhando em nosso simpático e aconchegante escritório da Baker Street, confesso que acompanhávamos o noticiário da tv que além das atualidades, sempre ressaltam crimes e atitudes vis, que em muitas ocasiões nos fazem descrer da bondade humana.
Toca o telefone, uma voz feminina, aparentando muito desespero, inicia o diálogo a seguir:
-Bom dia, meu nome e Sandra, e preciso dos seus serviços, meu caso é que preciso saber do meu namorado, ele tem tido atitudes muito estranhas; estou muito preocupada, vocês poderiam me ajudar?
Diante do quadro exposto, marcamos para o mesmo dia no horário das 15 horas, como sempre fazemos através do telefone e do nome da cliente agendada, realizamos uma breve pesquisa e descobrimos que ela é solteira e tem 38 anos, possui uma empresa de tradução e revisão literária, no bairro dos Jardins aqui em São Paulo, reside em um luxuoso apartamento com seus pais.
Na hora marcada, juntamente com a minha assistente Miriam, esperávamos pela cliente, quando toca o interfone, a convidamos a subir e minha assistente a recebe e indica o lugar da consulta, observamos uma mulher loira, alta e muito bonita, contudo vestida de forma simples e despojada, cabelos desgrenhados, e olhos inchados; refletem seu estado emocional, e um estilo que demonstra preocupar-se mais da vida cultural do que com a aparência pessoal; após os cumprimentos e apresentações, ela tomou a palavra:
-Meu nome é Sandra, sou empresária e iniciei um relacionamento com Gustavo, eu tenho 38 anos e ele 36, o conheci em um aplicativo de encontros, ele é muito bonito e solteiro, aspirava casar-se e ter filho, e como eu formar uma família.
-Fale-nos mais do Gustavo – pedi que prosseguisse.
- Bom, o Gustavo, como disse é um rapaz muito bonito e sedutor, solteiro e cuida da mãe que muito doente, seu pai faleceu e reside com a mãe e a irmã que tem sérios problemas emocionais, apresenta distúrbios psicológicos, segundo ele, esse é o motivo pelo qual ele nunca me levou a casa dele, pois me disse que precisa preparar a família para me aceitar, ele vem de um relacionamento complicado, onde a ex-noiva, levou todo o dinheiro dele em uma sociedade que praticamente deixou-o falido.
Ao ouvirmos, percebi que toda a sua aflição não era proporcional apenas a história que nos narrara, e precisávamos, antes de aceitar o caso, saber de tudo, então perguntei:
-Ah, então você suspeita que ele seja casado, quer que descubramos apenas seu estado civil e se reside com a mãe e irmã?
-Não, antes fosse somente isso, deveria tê-los contratado logo que o conheci, assim talvez conhecedora de tais informações, as minhas aflições não teriam chegado a este ponto; mas vamos aos fatos; ele quando o conheci ele me disse que estava desempregado e após a falência de seu comercio e o abandono de sua noiva, ele entrou em uma grave depressão e não conseguia arrumar um emprego. Nos conhecemos por um aplicativo de encontros chamado ALMA GEMEA, após as primeiras conversas descobrimos que tínhamos muito em comum, e após os primeiros encontros me senti totalmente entregue e apaixonada, ele um verdadeiro cavalheiro, sempre romântico, agradável e solicito, tanto que, em um primeiro momento ofereci um emprego a ele em minha Editora, mas ele imediatamente recusou-se, pois disse depois do que ele tinha passado com a ex-noiva, jamais misturaria trabalho e relacionamento novamente, o que me deixou muito confiante em suas boas intenções.
Sempre que saíamos ele fazia questão de pagar a conta, e somente depois que eu insisti muito, ele concordou em dividirmos as despesas. Passadas umas três semanas do início do namoro, ele estava muito preocupado pois não arrumava emprego e suas reservas financeiras estavam acabando e logo não conseguiria sequer sustentar mais a sua casa, visto que sua mãe e sua irmã dependiam exclusivamente dele.
Na época ele tinha um carro Mitsubishi Pajero que segundo ele, ele não podia dispor pois estava em nome da sua ex-noiva que já tinha requerido a sua busca e apreensão judicial, lembro de ter oferecido os serviços dos nossos advogados para auxilia-lo, o que ele negou veemente, pois segundo ele, nós não poderíamos misturar as coisas. Ele, no dia seguinte manifestou o interesse de trabalhar como motorista de veículo de aluguel por aplicativo UBER, contudo demonstrava profundo abatimento por não conseguir comprar um veículo novo, ao vê-lo desta forma, juro a vocês que não pensei duas vezes e me propus a comprar um veículo novo para que ele pudesse trabalhar novamente; e assim o fiz, eu tenho uma reserva guardada e o comprei um HB20 a vista, comprei em nome dele, pois segundo ele para exercer este trabalho o carro deveria estar em nome do motorista, ele de imediato quis assinar promissórias e confissão de dívida, pois combinamos que ele me pagaria prestações mensais; o que no calor da alegria e na promessa de compromisso, eu não insisti e que acabamos por não fazer. Após comprarmos o carro ele começou a trabalhar, começou alegar o avanço da doença da mãe e suas complicações no tratamento da irmã, nos encontrávamos todos os dias, e ele afirmando que precisava de mais dinheiro para quitar as suas dívidas, passamos a nos encontrar a cada dois dias, preocupada com a sua saúde e ritmo de trabalho, ofereci a ele mais dez mil reais, para que quitando algumas dividas ele pudesse dedicar mais tempo a nossa relação, fazem dois meses desde que fiz este último empréstimo, e ontem ele novamente alegou problemas financeiros, nesta última semana nos encontramos apenas a cada três dias. Resumindo passado quatro meses de namoro, ele nunca me levou em sua casa, ou me apresentou a família, não me pagou nenhuma das parcelas do carro, e refere-se novamente a estar sem dinheiro, motivo que o leva a trabalhar mais e espaçar nossos encontros, como se estivesse querendo que eu lhe oferecesse mais ajuda financeira. Não aceito mais esta situação, não sei o que fazer! – Desabafou deixando cair na cadeira em um pranto doido e choroso.
Imediatamente a minha assistente Miriam, a consolou oferendo o cafezinho da “paz”, enquanto pensava nas atitudes a serem sugeridas.
Sugerimos que imediatamente iniciássemos um levantamento que chamamos de dossiê pessoal do Gustavo, onde focaríamos nas suas informações pessoais, bem como financeiras e criminais; ressaltando que tudo e realizado sem deixarmos “rastros”, ou seja das informações apuradas não deixamos formas do averiguado saber que teve suas informações pesquisadas ou investigadas.
Realizadas as tratativas de contratação, iniciamos imediatamente os procedimentos.
Nos dias que se seguiram, apuramos que o Gustavo na verdade, Gustavo de Oliveira Bastos, havia desencarnado há cerca de dois anos, ou seja, em 2016 vitimado por um acidente automobilístico na capital paulista.
Quem na verdade seria Gustavo, partimos para investigar seus parentes e descobrimos que ele tinha um irmão apenas um ano mais velho que se chamava Orlando e que residia ao lado dos pais aqui na capital paulista.
Passamos a seguir e investigar a casa dos pais e do irmão do suposto Gustavo, e descobrimos que o carro adquirido pelo “Gustavo”, dormia sempre no endereço da família.
Acompanhamos o suposto Gustavo e descobrimos que ele na verdade era Orlando de Oliveira Bastos, irmão do falecido Gustavo, ele tinha 38 anos e era casado há quase 20 anos com Marilia, que juntos tinham três filhos; era formado como Administrador de Empresas e ficara desempregado, há pelo menos dois anos e desde então vivia de pequenos golpes em mulheres solteiras que conhecia através de aplicativos da internet.
Checamos seu passado criminal e constatamos que no início utilizava-se do próprio nome e foi denunciado por, pelo menos três de suas vítimas, que registraram boletins de ocorrência policial, todos versando empréstimos e extorsão emocional que resultaram em variadas quantias financeiras.
Passamos a acompanhar e checar suas entradas em sites de relacionamento amoroso, e descobrimos que, desde o início do ano o perfil criado com seu nome deixa de figurar, passando a utilizar-se apenas com o nome do seu irmão falecido.
Após estas descobertas, passamos a viver uma fase muito delicada da investigação, corríamos o risco de o malfeitor sentir-se acuado e simplesmente desaparecer com tudo que o ligasse ao finado Gustavo; e mais sua esposa Marilia saberia de tudo o que ocorre? como nossa cliente Sandra aceitaria os fatos e que providencias ela decidiria por tomar.
Ressaltamos que como detetive particular, não somos policiais, e como forca não regular não possuímos o dever de comunicar as autoridades os crimes descobertos em nossos processos de investigação, portanto relataríamos a cliente e aguardaríamos por sua decisão.
Decorridos apenas quatro dias de investigação, já em posse dos fatos acima narrados, recebemos a Sandra, desta vez acompanhada por sua mãe Regina, logo no primeiro horário em nosso escritório da Baker Street.
Após os cumprimentos cordiais, pedimos que sentasse indicando a cadeira defronte à mesa de reunião e passamos a descrever e documentar os fatos apurados.
Ao saber das nossas revelações mãe e filha trocaram olhares, sendo que Regina toma a palavra:
-Está vendo filha, bem que te disse, mamãe não se engana, eu sabia que havia algo estranho com este rapaz, isso e intuição de mãe, a gente jamais se engana.
Sandra simplesmente deixou-se cair na poltrona e chorava copiosamente após as revelações, e sua mãe tomando o controle passamos a dialogar.
-Temos de prender este crápula, o que vocês sugerem para que ele devolva todo o dinheiro e pague pelo mal que ele nos fez. – Indagou Regina.
- Sugiro que armemos uma cilada para ele, que Sandra consinta em emprestar mais dinheiro e na hora que ele for receber este dinheiro pessoalmente, com o registro da ação, posteriormente chamaremos a polícia e o prenderemos por estelionato e falsidade ideológica, claro que posteriormente poderemos liga-lo aos saques e a movimentação bancaria que ele utiliza em nome do seu irmão falecido, mas desta outra forma materializamos o delito de forma pratica e rápida.
Combinamos, e Regina chamou seu marido André, para juntos apoiarmos a Sandra na obtenção das provas para que enfim a polícia deitasse a mão sobre este malfeitor.
Ajeitamos tudo para a entrega do dinheiro no próximo sábado, um restaurante na região da avenida Paulista, agentes, mesas e câmeras posicionadas, contudo só não contávamos com a mais antiga das variáveis de um relacionamento amoroso, as nuances do coração.
Quando da sexta feira a tarde, somos informados pelo André que sua filha Sandra havia se despedido deles e partido em viagem para o exterior, havia decidido por deixar tudo para trás, e estavam encerrando o caso como estava, ou seja, para o nosso desapontamento o Gustavo, Orlando seja ele quem fosse continuaria aplicando golpes em corações desavisados.
Pagou-nos o restante dos honorários e encerramos a investigação.
Claro que nossos amigos e leitores devem estar pensando que poderíamos ter denunciado o falsário a polícia, mas esclareço que não, devemos sempre observar a nossa fidelidade ao compromisso assumido perante o cliente no sigilo das informações e dos segredos que nos sãos revelados.
Para nós, fica a lição de que devemos sempre saber o que fazemos e com quem estamos lidando, seja no meio pessoal ou profissional, hoje em dia com o advento da modernidade, tanto o crime, quanto a sua prevenção tem caminhado a passos largos, só que percebemos que algumas coisas nunca mudam, ou se podem determinar, “os caminhos do coração”!


FIM ...

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