25 - VERDADE DOS FATOS.
25 - VERDADE DOS FATOS.
Mais um dia de trabalho no escritório da Baker Street, bem aqui
no Tatuapé em São Paulo.
Como sempre um calor infernal em São Paulo, alguns dizem que
nossa capital, nestes dias havia se transformado em uma sucursal do inferno,
tínhamos os termômetros atingindo aos 35 graus e o sol a pique.
Toca o telefone e atendemos:
-Bom Dia ... agência Baker Street!
-Bom Dia é da agência de detetives? - Pergunta uma voz feminina
aparentando seus quarenta e poucos anos.
-Sim - respondi em que podemos ajudá-la?
-Meu nome é Clarice e estou com um problema muito grave com meu
marido, preciso dos seus serviços.
Assim marcamos um horário para a tarde do mesmo dia e
pontualmente às 15 horas toca o interfone e liberando a entrada sobe as escadas
e adentra ao nosso escritório uma senhora aparentando 45 anos, cabelos escuros,
muito bonita trajando elegante conjunto sóbrio usando óculos escuros que pediu
licença e foi sentando em nossa mesa de reunião.
Nos apresentamos e pedi que iniciasse a sua narrativa dos seus
problemas:
-Boa Tarde, como já disse ao telefone meu nome é Clarice e
preciso dos seus serviços, meu marido chama-se Marcelo, somos casados há 25
anos e possuímos uma Empresa de Investimento na qual trabalhamos juntos e somos
sócios, temos um casal de filhos com 23 e 25 anos que residem comigo uma vez
que ele há questão de 3 meses pediu a separação, saiu de casa e não me informou
seu novo endereço, não tem vindo trabalhar, desconfiou até que ele deva estar
trabalhando em um escritório concorrente, assim quero que vocês o sigam e
descubram seu endereço, mais acima de tudo com quem ele está se relacionando,
quero que o "maldito" me pague tudo que ele fez contra mim , a sua
traição "não deixarei" barato.
-Compreendo suas razões. - Respondi - contudo qual o motivo pelo
qual ele não lhe forneceu o endereço e não lhe disse se possuía outro
relacionamento uma vez que estão separados?
- Nossa relação sempre foi muito conturbada, e o nosso rompimento
foi marcado por um desentendimento em uma noite que estávamos a sós, e quando
ele disse que me deixaria eu apanhei uma faca e tentei matá-lo, em minha cabeça
logo em seguida daria cabo também de minha própria vida!
Mais isso ocorreu em um momento de desespero, não vai mais se
repetir, pelo menos não desta maneira.
Você pode me ajudar, garanto que dinheiro não será problema! -
Tentei acalmá-la e explicar que o encontrar, e a quem ele se relacionava neste
momento não seria bom, nem para ela e nem para a sua família e que na verdade
ela não precisava de um detetive particular, seria melhor ela dar um
"tempo ao tempo" e que a verdade que ela buscava apareceria cedo ou
tarde, cabendo somente a ela, de qualquer forma, traçar seus destinos e de toda
a sua família.
Claro que tudo isso foi explicado num intervalo de mais de duas
horas e que acabou, pelo menos neste momento, com a compreensão da Sra.
Clarice.
Evidentemente recusamos o trabalho proposto pois não faria bem a
cliente a informação que ela buscava num momento tão aflitivo de sua vida.
Tivemos a sensibilidade de recusar o caso, sem ferir, claro que constatamos o
seu ex-marido e o auxiliamos em relação a Clarice, sem que ela percebesse nossa
interação.
Esclarecemos todas as consequências legais e morais da sua
atitude desesperada e compulsiva.
Alguns amigos podem nos questionar, que se com esta atitude
"não perdemos um cliente”, digo que não, apenas ganhamos uma amiga.
No auge do seu desespero com certeza ela tomaria alguma atitude
que resultaria em um crime passional anunciado.
Assim prosseguem os dias na Baker Street.
FIM.
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