20 - CASO DO LIBANÊS MISTERIOSO.




20 - CASO DO LIBANÊS MISTERIOSO.



Mais um dia de trabalho no escritório da Baker Street; nossa agencia de investigações bem no coração do nosso Tatuapé em São Paulo, mais exatamente em 22 de fevereiro de 2015; quando os chineses comemoram aqui em São Paulo, no bairro da Liberdade a entrada do Ano Novo Chinês, neste ano de 2015 era regido pela Cabra, ou seja, entravamos no ano da Cabra.
Dois dias antes, recebíamos em nosso escritório um telefonema de uma mulher que suspeitava que o marido a estivesse traindo, marcando uma hora, até aqui somente mais um caso, como tantos outros que apreciamos nestes anos todos de trabalho, contudo não foi só o que nos aguardava, assim passamos a narrar:
Passavam das dez horas da manhã, quando em companhia da minha assistente Miriam recebemos a cliente de nome Patrícia, apresentou-se uma bela mulher de 30 anos, de origem libanesa, aparentando menos, em estágio avançado de gravidez, apresentava muita preocupação e tensão em suas palavras demonstrando-nos a gravidade dos fatos que abaixo transcrevemos:
- Meu nome é Patrícia, sou casada com Nelson, ele também de origem libanesa, ele negociante e importador de produtos estrangeiros, somos casados há dez anos, temos 3 filhos com este que chegará em breve, sempre vivemos e convivemos muito bem, mas de uns tempos para cá, ele tem agido estranhamente, sai e desaparece durante o dia, desliga o celular, eu estou desesperada e não suspeito do possa estar acontecendo, sei que ele deve estar me traindo com outra mulher, eu sinto isso! – Enquanto terminava a narrativa, chorava copiosamente e deixou-se abater na poltrona que se acomodara; amparada pela Miriam, sentiu-se confortada, e diante desta narrativa passamos a sugerir algumas atitudes para chegarmos à verdade dos fatos.
Sugerimos a instalação do spy-cel, um programa que utilizamos para acompanhar e monitorar as ações do investigado em relação ao seu aparelho celular, ação que foi descartada pela Patrícia, uma vez que o Nelson não se separava do aparelho nem para dormir; perguntamos a ela se a conta do celular dele ia para sua residência, ela nos esclareceu que de início sim , contudo há questão de meses as contas passaram a ir diretamente ao seu escritório de trabalho; esclareceu ainda que as linhas, tanto a dela quanto a dele, estavam em nome dela.
Nos próximos dias providenciamos (na companhia dela) uma visita a loja da operadora e conversando com os atendentes conseguimos o extrato detalhado das ligações efetuadas nos dois últimos meses e para a nossa surpresa havia um número “estranho” para o qual ele realizava inúmeras ligações exatamente nos horários que ele se dedicava a Academia de Ginastica.
Descobrimos que ele ligava muito para um número e daí para apurarmos seu relacionamento com a pessoa, nos bastou alguns dias de seguimento e levantamento de informações para chegamos a Sueli, uma mulher de 25 anos, que morava em uma cidade do interior de Minas Gerais.
Apuramos ainda, que uma vez que ela era do interior, deveria vir a São Paulo, através de companhias aéreas, e como sabemos que geralmente pessoas estrangeiras utilizam muito os programas de milhagens, não nos foi difícil concluir que precisávamos que nossa cliente pesquisasse a companhia, pelo e-mail que ele utilizava-se nas trocas das milhas acumuladas, para troca das passagens; para a nossa surpresa ele já havia adquirido passagens para Sueli vir a São Paulo e ainda reservado viagem para os dois em Miami-EUA ; datadas para dois meses após o nascimento do bebê.
Passamos as fotos dos encontros, bem como as informações apuradas para a nossa cliente que agradeceu e embora em avançado estágio de gravidez, o bebê nasceria em uma ou duas semanas, nos disse que tomaria providências imediatas, despedindo-se em seguida.
Passados dois meses, Patrícia nos procurou novamente e nos relatou que na época dos fatos, havia conversado seriamente com o marido que ele pediu perdão dos seus atos e prometerá terminar com o relacionamento extraconjugal e a partir de então dedicar-se inteiramente a família, que já contava com o mais novo membro.
Contudo, ela ainda estava desconfiada, assim sugerimos que colocássemos no carro dele, um rastreador veicular, que nos forneceria a posição correta e precisa de onde ele estaria as 24 horas do dia e assim procedemos.
Descobrimos que, ele além dele continuar com a Sueli, ele havia alugado um apartamento em Perdizes, um bairro residencial de São Paulo, onde passava quase todos os dias, inclusive nos finais de semana que alegava viajar a trabalho para a esposa.
Na tentativa de registrar as movimentações do Nelson, em companhia da amante, passamos a interpretar os deslocamentos realizados com o auxílio do rastreador, aí que surgiram novos fatos que tornam esta história muito mais interessante.
Observamos que Nelson, principalmente nos dias que alegava viagens, ele ia ao apartamento alugado, permanecia lá durante todo o dia, sem sair, e a noite sempre no início da madrugada, saia com o carro sozinho e andava sem parar pela cidade em bairros de classe média-alta, parava por minutos em lojas de conveniência de postos de combustível e seguia em frente após um período de quarenta minutos a uma hora retornava ao apartamento, do qual só saia pela manhã.
Este procedimento continuou por várias vezes, observando que dentre estas ocasiões pudemos segui-lo fisicamente e observamos que nestes passeios noturnos ele sempre andava sozinho no carro, o que tornava mais inusitada a situação que investigávamos.
Indagamos à nossa cliente e para ela tudo era tão estranho quanto para nós, pois ela não sabia de nada o que estava acontecendo, precisávamos descobrir o que o investigado fazia nestes passeios noturnos.
Ao mesmo tempo em que investigávamos, nossa cliente nos relatou que estranhamente, e apesar da crise econômica que vivemos; os trabalhos dele se expandiam, inclusive a autorizava a buscar outro apartamento para que ele o comprasse e colocasse em nome dela e dos filhos para uma segurança no futuro, atitude essa que não condiz com alguém que possui amante e deseja abandonar seu lar.
Nesta altura da investigação o caso extraconjugal do nosso investigado já estava em segundo plano, uma vez que suas atitudes caminhavam para uma situação muito mais perigosa, que concluímos, ser esta atividade que o retirava da própria casa nos momentos do seu trabalho noturno.
Com a anuência e solicitação de nossa cliente, intensificamos a vigilância sobre o Nelson e sobre os locais que ele frequentava rapidamente em suas excursões noturnas e descobrimos que sempre em locais diferentes encontrava uma pessoa específica, um homem também libanês na faixa de cinquenta anos, mostrava o corpo todo tatuado e possuía uma fisionomia ímpar, destacada.
Em posse das imagens destes encontros, separamos a imagem deste homem misterioso e partimos para a sua identificação.
Acionamos um amigo que possui muitas relações com a comunidade libanesa e com o próprio governo aqui em São Paulo; tínhamos que estar atentos, pois as informações que possuíamos, eram informações relevantes, mas de caráter particular, não poderiam ser expostas às autoridades ou agentes policiais sob pena de expor ou quebrar nosso compromisso exclusivo com cada cliente que nos procura.
Assim foi feito, nosso contato, em posse das imagens e das placas dos veículos e características dos suspeitos, nos retornou semanas depois com a sua identificação e seus antecedentes criminais em seu país de origem.
Era um elemento que vamos chama-lo Hassan (nome como era conhecido aqui no Brasil), possuía 46 anos e uma extensa ficha criminal com condenações e forte suspeita de integrar uma ramificação da famosa “máfia libanesa”.
Em posse de tais informações pedimos a nossa cliente que viesse ao nosso escritório para que pudéssemos contar a ela o que apuramos com relação aos procedimentos do seu marido Nelson.
Na hora marcada, nossa cliente se apresentou em nosso escritório e pudemos passar a ela tudo aquilo que apuramos; exibia um semblante muito preocupada, mas também de certa forma aliviada, pois descobrimos que ele não estava mais com a suposta amante, deu-nos até mesmo a impressão que ele nunca esteve realmente com a Sueli, ele utilizou-se da figura dela, que certamente fazia parte da operação criminosa, para justificar a sua esposa, ausências e sumiços diários que prendiam-se ao fato dele não desejar arriscar a segurança da esposa e filhos nos dias que ele operava a sua suposta operação criminosa.
Entregamos todas as informações apuradas para a nossa cliente, que agradeceu muito e se retirou, para nós restou a dúvida de qual o crime ou esquema criminoso que o Nelson realmente operava?; ele estaria disposto ao ser desmascarado, desistir dos altos ganhos para retornar ao convívio familiar?
Um mês depois, encontramos nossa cliente em um Shopping Center da capital paulista, passeando com a babá e as crianças, não podíamos deixar de lhe perguntar o que havia decidido com relação ao seu marido Nelson, e ela nos confidenciou que ao ter acesso às informações que lhe apresentamos, procurou os pais dele que chegaram do Paraguai onde residem, pela sua solicitação e eles conversaram longamente, por fim ele afastou-se definitivamente das suas atividades e optou por permanecer no convívio familiar , retomando suas atividades meramente comerciais, retornando ao comercio de roupas em um centro popular da capital paulista.
Retornamos para a Baker Street, certos de que através do nosso trabalho, pudemos oferecer a nossa cliente e amiga Patrícia toda a verdade dos fatos, verdade que desta feita, acabou por unir pela vontade do recomeço a história de toda uma família!

FIM.

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